sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Elisa Larkin Nascimento - Afrocentricidade.


Nascimento, E. L. (Org.) (2009). Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro.

Cheikh Anta Diop afirmava, com todo rigor, que "raça" é uma construção fenotípica e sociocultural, não uma condição biomolecular. Ele dizia com frequência que é possível um sueco e um banto sul-africano serem geneticamente mais próximos entre si do que cada um deles a outras pessoas de sua própria raça. Mas, na África do Sil de 1980, o sueco seria um homem livre, enquanto o banto seria mais um integrante da maioria oprimida e violetada pelo apartheid. Diop dizia, também com referência à África do Sul de 1980, que os brancos costumam negar a realidade das raças ao mesmo tempo que tentam destruir uma raça. Geneticamente, não pode haver raças; a noção fenotípica e sociocultural de raça ainda define a maioria dasrelações humanas até hoje.

Hoje, os estudos africanos não atendem apenas a uma demanda exclusiva do movimento social negro, mas de toda a sociedade, e tornam-se indispensáveis para o conhecimento do mundo no qual vivemos e dos mundos que nos precederam. Fruto do ativismo de educadores negros e seus aliados, a Lei 10.639/2003 coloca a sociedade inteira diante da obrigatoriedade de assumir o legado africano como uma precondição essencial para desenvolver o conhecimento (...) [uma vez que] as histórias e culturas africana e afro-brasileira dizem respeito não apenas aos descendentes africandos, mas à humanidade como um todo e ao Brasil como nação.

A falta de conhecimento sobre suas origens contribui para que muitos afrodescendentes tenham baixa autoestima, o que impede seu acesso pleno às oportunidades e mina sua capacidade de lutar por direitos.

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